O presidente da Câmara Municipal prometeu livrar a capital catalã das 10.000 licenças de apartamentos turísticos nos próximos cinco anos.
Em 2023, a província de Barcelona, com 5,5 milhões de habitantes, recebeu 26 milhões de turistas. O impacto económico direto foi de 12,75 milhões de euros, um montante do qual depende em grande medida a economia catalã.
O impacto dos recentes protestos contra o excesso de turismo na cidade, bem como o anúncio feito pelo presidente da Câmara Municipal de eliminar os 10.000 apartamentos turísticos da cidade até 2028, não foram bem recebidos pelo sector.
“Os preços das rendas aumentaram significativamente nos últimos 10 anos e creio que a administração está a tentar colmatar as suas falhas utilizando os apartamentos existentes para outros fins. Mas isso não vai resolver o problema nem é a solução”, defende Bonaventura Durall, diretor-geral da Durlet Apartments, uma empresa de arrendamento de apartamentos turísticos na cidade.
De acordo com a Associação de Apartamentos Turísticos de Barcelona (APARTUR), os apartamentos turísticos representam apenas 0,77% da habitação da cidade.
A APARTUR alerta para o facto de a restrição das licenças poder aumentar o número de apartamentos ilegais e provocar o desaparecimento de 40% do turismo da cidade.
“Claro que teria impacto. Mas penso que não afetaria apenas o sector da hotelaria, teria repercussões em todos os serviços. Agora, no verão, toda a gente sabe que em Barcelona a clientela local desaparece devido ao calor e às pessoas que saem da cidade. Os turistas representam basicamente 50% da nossa clientela”, disse Marc, gerente de um restaurante, à Euronews.
Pablo, belga que está de visita à cidade com a família, concorda com Marc: “Compreendo que as pessoas estejam um pouco fartas do turismo, mas, mesmo assim, é ele que mantém a cidade viva. Por isso, precisam do turismo. Penso que, se este parar, os comerciantes terão mais dificuldades. E penso que, sim, é exatamente assim que vão perder bastante”.
Apesar de tudo, os turistas com quem falámos dizem que, atualmente, não sentem qualquer tipo de rejeição nas ruas de Barcelona.
Manifestação em Maiorca
Milhares de pessoas manifestaram-se este fim de semana em Maiorca contra o que dizem ser os impactos negativos do excesso de turismo.
Os organizadores da marcha afirmam que o número descontrolado de turistas está a causar uma queda nos salários, perda de qualidade de vida, ruído e um aumento do preço da habitação, tanto para alugar como para comprar.
Os manifestantes marcharam sob o lema “Mudemos de rumo – ponhamos limites ao turismo”, numa ação a que se juntaram 110 outras organizações cívicas.
No início do ano, os habitantes de Málaga também expressaram a sua frustração, colando autocolantes no centro da cidade espanhola, dizendo aos visitantes o que os residentes pensam deles.
O excesso de turismo não se limita apenas às Ilhas Baleares. Muitos países europeus têm vindo a aplicar taxas turísticas, incluindo Veneza, que também proibiu os navios de cruzeiro de entrarem no seu sistema de canais em perigo.
Em Amesterdão, as autoridades e os habitantes locais tentam, há meses, encorajar os turistas bêbados, na sua maioria britânicos, a manterem-se afastados. E em Atenas, o presidente da câmara anunciou um estudo sobre a capacidade turística da cidade para definir os seus limites e recolher dados sobre alugueres de curta duração e hotéis.
Embora o problema pareça ser global, é a Espanha que está a liderar a luta popular.
Fonte: https://pt.euronews.com/viagens/2024/07/22/o-fim-do-airbnb-em-barcelona-o-que-e-que-o-sector-do-turismo-tem-a-dizer