Durante o século XIX e o início do século XX, desenvolveu-se uma importante frota de pesca em todas as ilhas do Dodecaneso, mas principalmente em Kalymnos e Symi. As esponjas naturais são uma importante tradição da região.
Kalymnos ganhou fama mundial como um lugar de mergulhadores de esponjas.
A tradição de longa data da esponja definiu a identidade da ilha e contribuiu significativamente para a prosperidade económica dos seus habitantes.
Quick Kokkinos substituiu o seu pai.
“Transformamos esponjas naturais e distribuímo-las por todo o mundo. China, Japão e toda a Europa, Alemanha, Polónia, porque é um produto de primeira qualidade para a casa de banho e extremamente benéfico para o corpo”, disse à Euronews Gregory Kokkinos, proprietário de uma empresa de comercialização de esponjas.
A viagem das esponjas durou 6 a 7 meses. A preparação demorou cerca de 45 dias.
Os capitães fretaram as tripulações, reuniram as ferramentas do ofício e prepararam os mantimentos. Galettes, carne de caranguejo, legumes, peixe salgado em sacos e muita água em barris.
Antes da partida, era necessário beber água benta e pedir ajuda à graça de São Nicolau, o santo padroeiro dos mergulhadores. O “mergulho”, como era conhecido, floresceu enormemente em meados do século XIX até ao início do século XX.
As esponjas têm uma arquitetura rara, baseada num sistema de tubos de água que formam meandros. Através dos seus milhares de poros, bombeiam grandes quantidades de água, até três vezes o seu volume.
As espécies comerciais são capturadas no Egeu e no Mediterrâneo e dividem-se em vários tipos.
Como consequência do ofício e tradição, desenvolveu-se uma frota de pesca considerável em todo o Dodecaneso, mas sobretudo em Sími e Kalymnos.
“É um meio de subsistência, desde há muitos anos que é a principal fonte de riqueza da ilha. Cresci aqui, este trabalho é toda a minha vida e através dele tornamos a ilha de Kalymnos conhecida em todo o mundo“, disse à Euronews Gregory Kokkinos, proprietário de uma empresa de comércio de esponjas.
Na década de 1860 foi aplicado um novo método de mergulho, o escafandro ou mergulho vestido.
Com este sistema, o mergulhador usava roupa completa, ou seja, fato de mergulho, capacete de mergulho, peito de bronze, sapatos e pesos no peito, o que lhe permitia permanecer no fundo durante muito mais tempo.
Por muito eficaz que fosse este método, revelou-se também perigoso, registando muitas mortes e paralisias (doença do mergulhador), devido ao desconhecimento das regras de mergulho por parte dos mergulhadores, sobretudo na fase de subida.
Na década de 1920 foi adotado um novo aparelho de respiração, o método Fernes, que reduziu o número de acidentes. As vantagens deste mecanismo passavam pela utilização de um pequeno saco de ar colocado nas costas do mergulhador para assegurar um fluxo de ar suave, a eliminação do fato pesado e o tubo de fornecimento de ar leve.
Na década de 1970, todos os métodos de mergulho mais antigos foram substituídos pelo moderno sistema de narguilé, no qual o mergulhador veste um fato de homem-sapo e um compressor de ar fornece ar a partir do barco. Além disso, os mergulhadores são formados na Escola Estatal de Mergulho de Kalymnos – a única do género na Grécia – que lhes confere um diploma de mergulho profissional estatal.
Com o passar do tempo, as técnicas de mergulho foram aperfeiçoadas e os acidentes diminuíram significativamente. O mesmo se aplica às esponjas.
“As alterações climáticas estão claramente a ter um efeito, mas temos o cuidado de não apanhar a esponja num tamanho demasiado pequeno. O que os nossos esponjeiros fazem, de facto, não é removê-la, mas cortá-la para que cresça novamente no mesmo local e para que tenhamos esponjas também para o ano seguinte”, defende Gregory Kokkinos.
Além do comércio das eponjas estas ilhas têm conseguido ganhar outras fontes de rendimento como o o desenvolvimento do turismo.
Nos últimos anos, têm vindo a gahnhar terreno atividdades alternativas como os passeios botânicos em Kalymnos e Telendos.
Além de aprecisar a paisagem, muitos visitantes desejam conhecer as ervas que crescem localmente, como a como a mandrágora, a urtiga, ou a alfazema. Muitas apresentam benefícios ao nível do humor, o stress e a nutrição.
Fonte: https://pt.euronews.com/green/2025/10/30/kalymnos-jovens-continuam-tradicao-e-esponjas-marinhas-chegam-a-todo-o-mundo